Monday, August 27, 2012

Glaciares de Dados

O trocadilho, embora admita que não seja o mais feliz, espelha o mais recente anúncio da Amazon: o Glacier. Numa definição dada pela própria Amazon:

"Amazon Glacier is an extremely low-cost storage service that provides secure and durable storage for data archiving and backup. In order to keep costs low, Amazon Glacier is optimized for data that is infrequently accessed and for which retrieval times of several hours are suitable. With Amazon Glacier, customers can reliably store large or small amounts of data for as little as $0.01 per gigabyte per month, a significant savings compared to on-premises solutions."

O Storage foi considerado até agora, e na maioria dos casos, para um de dois propósitos:
  • Armazenamento per se - utilização de espaço de armazenamento para isso mesmo, por vezes com aplicações que permitem a gestão do espaço a partir de uma UI.
  • Armazenamento aplicacional - dados como parte integrante de uma aplicação de negócio.
Com a introdução de um serviço como o Glacier, as coisas mudam um pouco. Passamos a ter não apenas Storage, mas sim um storage "gelado", com dados que não são acedidos com muita frequência e que por isso mesmo permitem níveis de serviço radicalmente diferentes dos dados normais. Neste caso, os dados nem sequer estão sempre acessíveis, sendo necessário criar jobs específicos para o efeito, que depois ficam disponíveis durante 24 horas. O conceito é interessante, e para empresas que mantenham um histórico que não precisam de aceder muitas vezes, pode ser vantajoso em termos económicos, sendo que à data deste post não tive ainda oportunidade de comparar o preço do serviço com a alternativa AWS ou mesmo a de outros providers.

Este tipo de serviço faz lembrar alguns filmes, como é o caso do "Demolition Man", em que o Stallone fica em preservação criogénica para ser recuperado apenas mais tarde, quando fizesse falta. Na prática, preservamos algo até que nos faça falta, e quando fizer limitamo-nos a aceder.

Até ao momento não tenho conhecimento de alternativas semelhantes dos outros cloud providers. Estou curioso para ver como os restantes players vão reagir, mas esta notícia é prova que os cenários de cloud e as soluções e serviços a fornecer são ainda muitos, e em cenários aparentemente semelhantes ao que existe, tecnológicamente, mas com casos de uso bem diferentes. E é isso que torna o cloud computing num dos temas mais interessantes da actualidade.

E, agora que me lembro, alguém sabe para que serviam as três conchas?

Friday, August 17, 2012

Os termos mais "Hype" da Cloud

Confesso que não fazia ideia de que a Gartner avaliava o quão Hype são as tecnologias, por isso foi com alguma surpresa que recebi o seguinte artigo: Gartner: Cloud computing's most over-hyped terms.

Ao que parece, as tecnologias podem encontrar-se, em termos de ciclo de vida, numa de 5 fases distintas:
  1. Etapa inicial, que contempla o Trigger para a tecnologia, ou seja, o driver que leva a que a mesma surja.
  2. Segunda etapa, onde as expectativas inflaccionadas relativamente ao que se pode fazer com a tecnologia.
  3. Na terceira etapa, há uma "desilusão" ao perceber-se que afinal nem tudo dá para fazer.
  4. A quarta etapa traz uma nova luz sobre o que se pode realmente fazer com o que se tem.
  5. A etapa final já refere a utilização real e produtiva da tecnologia.
Vendo o processo de uma forma tão "crua", quase que faz lembrar alguém numa saída à noite antes de ir falar com a mulher mais bonita da sala. E no final, acaba por sair com a amiga simpática que lhe deu conversa depois da tampa inicial! :)

Piadas à parte, a conclusão do estudo é de que no geral o Cloud Computing já passou a fase das grandes expectativas, mas existem ainda alguns aspectos cujo Hype se encontra extremamente inflaccionado.


O tema da Big Data é uma das vertentes mais próximas do topo das expectativas altas. Com várias iniciativas e empresas a proporem cada vez mais soluções e serviços, o mais provável de acontecer é que os potenciais benefícios que se podem tirar façam com que se passe rapidamente pela desilução e se comecem a implementar grandes projectos, fruto das vantages que daí se podem obter.


PaaS é um termo familiar para qualquer empresa ou pessoa que esteja minimamente informada sobre a Cloud. Grandes empresas como a Microsoft, IBM, Oracle e a já referida Red Hat estão a apostar na Cloud e no PaaS e esta orientação só vai aumentar. PaaS consiste em ter uma "pedaço de núvem" onde podemos alojar as aplicações preocupando-nos apenas com as mesmas e não com sistemas operativos ou componentes de infra-estrutura.


O Cloud Storage foi um dos temas mais focados ao longo de todo este tempo. No entanto, foi um dos que mais críticas levou também, fruto de alguns problemas que ocorreram num passado recente com alguns dos maiores fornecedores como a Amazon e o Salesforce.com. A Gartner recomenda a utilização de Cloud pública para aplicações não críticas enquanto não estiverem reunidas as condições legais e de segurança necessárias.


Além dos temas referidos, o artigo refere algumas tendências interessantes de que ainda não falei.

Community Cloud - Na prática, juntar economias de escala a economias de cloud. Clouds partilhadas entre empresas para tirar partido de melhores condições financeiras.

Cloudbursting - Tirar partido da elasticidade da Cloud em cenários de carga que o justifiquem. Actualmente já é possível fazê-lo mas maioritariamente de forma manual. A Gartner prevê que esta seja uma tendência em breve, mas a tecnologia ainda tem de amadurecer. Estamos a falar de transição de workloads entre fornecedores cloud diferentes, e para isso é necessária a criação de standards de modo a garantir a portabilidade.