A utilização de tecnologias abertas em software (Open Source) é
bastante comum no mercado empresarial, principalmente desde o início
deste século XXI. A sua utilização tem sido essencialmente numa
componente de infra-estruturas de redes, sistemas operativos e
servidores web. Isto é, tem sido principalmente uma utilização tipo
"commodity", não trazendo um verdadeiro valor acrescentado para o
negócio das empresas, para além de uma redução base de custos.
É aqui que está o desafio: o salto de tornar o software Open Source do mundo das infraestruturas para o mundo das aplicações.
Os
receios, de quem gostaria de dar esse "salto" estratégico para
posicionar estes softwares dentro das suas organizações, são ainda
bastantes. São várias as razões, desde mitos, como por exemplo "não
haver suporte", até a razões mais realistas, como a maturidade dos
produtos.
Quem esteja mais atento, percebe que a questão do "suporte" é um falso problema e já não existe,
mantendo-se muito ainda no mercado pela ineficiência das próprias
empresas Open Source em termos de marketing, como também com os esquemas
"naturais" de contra informação da concorrência de software
proprietário (Microsoft, Oracle, SAP, TOTVS, SAGE, etc.).
De
facto, a existência de empresas de software de Open Source
Empresarial/Comercial, nas vertentes de soluções de negócio (ERP, CRP,
BPM, etc.), é bastante recente. As primeiras empresas surgem por volta
de 2004, pelo que é natural que o nível de maturidade dessas soluções
possa não ser tão elevado como o de líderes proprietários. A questão
aqui prende-se em perceber se o cliente-empresa requer ou não todas as
funcionalidades disponíveis, bem como avaliar se o preço compensará essa
diferença.
Exemplos práticos e de grande dimensão de implementação de soluções existem várias pelo mundo fora, como
seja recentemente a decisão da própria IBM em substituir o seu CRM
Siebel por SugarCRM, da cadeia de televisão FOX ou da companhia aerea
KLM com a adoção da plataforma de Content and Document Management
Alfresco, a cadeia de retalho francesa BUT na escolha da plataforma
OpenBravo como ERP de gestão direta das caixas registadoras das suas
lojas.
Portugal não é exceção, onde para além dos casos de
adoção tradicional OpenSource nas áreas de infraestruturas e desktop,
como a Tranquilidade, ITIJ, Exercito Português, Sapo, entre outros, começam já a despontar vários casos de implementações da tal camada de valor direto ao negócio e inovação,
o das camadas 6-Apresentação e 7-Aplicação do modelo OSI de topo (ver
detalhes em:
http://en.wikipedia.org/wiki/OSI_model#Description_of_OSI_layers). Casos
de implementação com elevado sucesso como sejam o da Uzo e da Estradas
de Portugal de SugarCRM, da Lusitania Seguros e TAP com Alfresco, da
Estradas de Portugal com solução de faturação em portagens jBilling, ou
mesmo na Administração Escolar e Securitas Portugal com a solução
OpenERP. Isto é, a pouco e pouco estas soluções com base Open Source
começam a demonstrar que são sustentáveis e capazes de potenciar o
negócio das organizações.
Uma coisa é certa, a maioria das plataformas Open Source empresarial (as boas, pois também há as que são "gato por lebre") são muito mais inovadoras, com arquiteturas muito mais recentes e com paradigmas de desenvolvimento muito mais ágeis.
Acresce que são mais condignas com os desafios enfrentados no mercado
empresarial de hoje e na forte necessidade de flexibilidade.
Contudo, tal como todo e qualquer software, como SAP, Oracle, Microsoft, PHC ou Primavera, o problema não estará no software base, mas na forma como é implementado e por quem o faz! São
reconhecidas as mais valias de soluções aplicacionais como seja
SugarCRM, Alfresco, OpenBravo, OpenERP, etc., pelo que este tipo de
software padece exatamente dos mesmos problemas.
A razão não é por isso tecnológica. A diferença entre o Open Source e o software proprietário não está verdadeiramente no bit e byte do seu desenvolvimento, está na forma como as empresas o distribuem, como o suportam e como são implementados.
Assim,
na realidade deverá haver uma estratégia e uma análise capazes de
identificar as mais valias de se usar Open Source, sendo que haverá
certamente áreas onde o Open Source ainda está demasiado "atrás" de
soluções proprietárias.
Um desafio curioso também nos próximos tempos, na "guerra" proprietário vs Open Source, está no mundo Cloud e
na capacidade de haver alguma justificação em escolher soluções
baseadas em tecnologia aberta, quando na realidade estamos num
mercado/opção onde o valor acrescentado, para além das funcionalidades
base de cada solução, estará no nível de serviço da própria Cloud. E a
este nível, o diferencial é bastante mais curto de justificar, mas esse é um caminho capaz de ser trilhado pelas empresas Open Source, embora um pouco mais difícil.
Conclusão, se as empresas compreenderem que podem usufruir do bom que o Open Source lhes dá nas
suas componentes de abertura e integração tecnológica, redução de
custos de investimento, poderão certamente potenciar muito mais a sua
utilização em soluções de suporte Core Business de negócio e de inovação
e, consequentemente, conseguirão potenciar e melhorar ainda mais o seu negócio.
Dito isto, há que referir que o software proprietário tem também mais
valias. É, por isso importante, compreender qual a melhor solução para
cada caso! Isto é, não existe software perfeito, o Gestor de
Sistemas de Informação tem de analisar qual a sua estratégia para
garantir o sucesso do negócio da empresa e quais os recursos que tem
disponíveis.
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